quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Olimpíada da Língua Portuguesa 2016

Olimpíada da Língua Portuguesa 2016



Nesse ano encaminhamos dois textos de gêneros diferentes para concorrerem na Olimpíada. O texto da Geovanna concorreu no gênero crônica e o texto do Gustavo como artigo de opinião.

Bela Flor

Em um dia de segunda-feira, estavam lá os sacos de lixo, todos lacrados, todos organizados, em cada portão, e lá subia no fim da rua uma bela moça, com uma flor do lado de seus cabelos, que com certeza teria pegado na praça do bairro.

Subia ela com o rosto cansado, chegando mais perto avistei um saco bem grande pesando em seu ombro, achei estranho. O que faria uma moça tão formosa com um saco preto nas costas?

Por fim compreendi, estava a moça ganhando a vida, de modo bonito, de modo digno.

Sua simplicidade a fazia uma mulher rica de bondade, seu olhar entristecido, suas vestes rasgadas, era de cortar o coração. Recolher latinhas de metal se mostrava uma cena bonita, pois não estava fazendo nenhum mal para a sociedade, pelo contrário.

Ali a mulher de pele negra e cabeleira cacheada, achava um saco valioso, para ela teria um valor altíssimo, era um saco com inúmeras latas que se transformaria em uma quantia humilde de dinheiro, seu olhar brilhou, seu sorriso apareceu, enfim o alimento para sua família estava certo para aquele dia.

E lá ia a moça, seguindo seu caminho, a procura de um jeito para viver!


Geovanna Rodrigues Vaz


Sobre os efeitos da especulação imobiliária em Itaquera

Fala-se muito em especulação imobiliária, geralmente sem clareza e objetividade, então para entendermos melhor esse conceito vamos nos basear em uma área próxima de onde vivo, que é Itaquera, bairro da região da Zona Leste de São Paulo, veremos seu desenvolvimento e valorização, assim como o porquê da especulação imobiliária ser injusta.

Especulação imobiliária, nada mais é que a melhoria de infraestrutura, serviços urbanos e acessibilidade em determinado local. Portanto, com a construção do estádio Itaquerão (Arena Corinthians), em 30 de maio de 2011, os serviços urbanos e a acessibilidade foram turbinados em suas imediações, com a construção de uma Etec e Fatec, assim como a construção de viadutos e o aprimoramento das estradas, ficando em aberto a possibilidade da construção de um Terminal Rodoviário que foi prometido, mas que por hora, não concretizado. Referente à infraestrutura, esgoto e energia, próximo ao estádio não foi necessário, mas cabe aqui dizer que seria um momento ideal para aproveitarem e investirem em saneamento básico na periferia ali vigente.

Na minha opinião, esses fatores fizeram com que muitos imóveis chegassem a valores absurdos portanto, pessoas tivessem de procurar morar em lugares mais afastados daquela região. Outra injustiça que ocorre em todo esse cenário é a desvalorização do trabalho de um empreendedor, este mesmo é aquele que terá de se arriscar para fundar um negócio proporcionalmente ao que foi investido, gerando empregos e movimentando a economia. Em contrapartida, o especulador imobiliário é aquele que irá trazer diversos prejuízos e mazelas às cidades. Faz com que certas áreas fiquem valorizadas e densas, enquanto outras desvalorizadas e rarefeitas, ou seja, coletiva e financeiramente, não é algo preferível tampouco saudável.

Por fim, existem medidas para fazer com que a famosa especulação imobiliária seja algo preferível e saudável, chama-se Estatuto da Cidade com suas respectivas regulamentações, darei ênfase a duas delas. A primeira é o ”IPTU progressivo no tempo”, que permite ao poder público sobretaxar imóveis que estejam mal aproveitando uma área, assim como a sua infraestrutura. A segunda é a “Outorga Onerosa”, refere-se à permissão do Município para que um proprietário edifique seu imóvel na medida estabelecida por um coeficiente, caso queira ultrapassá-lo, deverá pagar ao Poder Público o direito de edificar uma área maior.

Infelizmente, essas normas são desrespeitadas, pois entra em vigor o célebre “jeitinho brasileiro”, uma série de conjuntos de hábitos e crenças enraizadas na Cultura Brasileira, também contribuírem para essa grande torpeza. Sabemos que ela tem de ser superada para podermos usufruir da cidade de formas mais justas e democráticas, isto é, uma cidade para todos!

Gustavo Soares do Vale, 2ºA

Sobre espaços: meus, seus e nossos

Sobre espaços: meus, seus e nossos



Qual o significado das frases “A rua é pública?” “A escola é pública?”

É muito comum que o que é público seja entendido como terra de ninguém, se a escola é pública eu posso quebrar seus vidros e carteiras porque “não dá em nada”, ninguém vai se importar. A frase “não dá em nada” ecoa pelos corredores de muitas escolas e dificulta extremamente as relações humanas que acontecem dentro desse espaço público. Mas voltando ao que é público, muitas vezes ou quase sempre, também é entendido como ruim, de baixa qualidade.

Nós que moramos na periferia da cidade dependemos muito de serviços públicos, escolas, postos de saúde, hospitais, mas isso não quer dizer que esses serviços sejam ruins. Ser público significa pertencer ao povo, a uma coletividade. É claro que muitas vezes a qualidade dos atendimentos diminui devido à alta demanda e ao reduzido investimento governamental.

Portanto a escola, a rua, a praça são públicas, pertencem ao povo, que usufrui desses bens coletivamente. Muitas vezes os espaços coletivos são negados a uma parte da população, presenciamos essa negação com os “rolezinhos”, eventos organizados por jovens da periferia com o objetivo de se divertirem em espaços públicos. A consequência disso foi uma grande polêmica na mídia, algumas discussões sobre a ocupação desses espaços públicos pelos jovens. Questão controversa, porque os Shoppings não se consideram espaços públicos, mas sim privados e destinados a clientes. Poucas ações concretas foram realizadas para proporcionar a esses jovens entretenimentos e atividades culturais próximas às suas residências. Curiosamente, a cidade organiza eventos culturais em muitos bairros centrais, ruas de lazer, atividades em bibliotecas, Centros Culturais, sem contar a rede Sesc que está localizada majoritariamente em bairros mais centrais. Muitas vezes quando as atividades acontecem na periferia ou são mal divulgadas ou são em locais inapropriados para um grande número de pessoas.

É necessário aumentar o número de atrações culturais e de entretenimento nas periferias, fortalecer os coletivos culturais e populares, melhorar a divulgação, mas também é importante a participação ativa de cada jovem, cada cidadão em ter a curiosidade de descobrir o que acontece no Ponto de Cultura mais próximo, na Biblioteca do Bairro, na ONG localizada no bairro vizinho e no projeto Escola da Família das escolas estaduais.


Ah! Voltando à frase “isso não dá em nada” é preciso ter consciência que dá sim, quando eu quebro uma cadeira, uma carteira, um ventilador, será necessário mais dinheiro público (aquele que é da coletividade, não só meu, nem seu) para repor o que foi estragado, retirando recursos que poderiam ser usados para coisas mais legais do que a reposição de material.