quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Sobre espaços: meus, seus e nossos

Sobre espaços: meus, seus e nossos



Qual o significado das frases “A rua é pública?” “A escola é pública?”

É muito comum que o que é público seja entendido como terra de ninguém, se a escola é pública eu posso quebrar seus vidros e carteiras porque “não dá em nada”, ninguém vai se importar. A frase “não dá em nada” ecoa pelos corredores de muitas escolas e dificulta extremamente as relações humanas que acontecem dentro desse espaço público. Mas voltando ao que é público, muitas vezes ou quase sempre, também é entendido como ruim, de baixa qualidade.

Nós que moramos na periferia da cidade dependemos muito de serviços públicos, escolas, postos de saúde, hospitais, mas isso não quer dizer que esses serviços sejam ruins. Ser público significa pertencer ao povo, a uma coletividade. É claro que muitas vezes a qualidade dos atendimentos diminui devido à alta demanda e ao reduzido investimento governamental.

Portanto a escola, a rua, a praça são públicas, pertencem ao povo, que usufrui desses bens coletivamente. Muitas vezes os espaços coletivos são negados a uma parte da população, presenciamos essa negação com os “rolezinhos”, eventos organizados por jovens da periferia com o objetivo de se divertirem em espaços públicos. A consequência disso foi uma grande polêmica na mídia, algumas discussões sobre a ocupação desses espaços públicos pelos jovens. Questão controversa, porque os Shoppings não se consideram espaços públicos, mas sim privados e destinados a clientes. Poucas ações concretas foram realizadas para proporcionar a esses jovens entretenimentos e atividades culturais próximas às suas residências. Curiosamente, a cidade organiza eventos culturais em muitos bairros centrais, ruas de lazer, atividades em bibliotecas, Centros Culturais, sem contar a rede Sesc que está localizada majoritariamente em bairros mais centrais. Muitas vezes quando as atividades acontecem na periferia ou são mal divulgadas ou são em locais inapropriados para um grande número de pessoas.

É necessário aumentar o número de atrações culturais e de entretenimento nas periferias, fortalecer os coletivos culturais e populares, melhorar a divulgação, mas também é importante a participação ativa de cada jovem, cada cidadão em ter a curiosidade de descobrir o que acontece no Ponto de Cultura mais próximo, na Biblioteca do Bairro, na ONG localizada no bairro vizinho e no projeto Escola da Família das escolas estaduais.


Ah! Voltando à frase “isso não dá em nada” é preciso ter consciência que dá sim, quando eu quebro uma cadeira, uma carteira, um ventilador, será necessário mais dinheiro público (aquele que é da coletividade, não só meu, nem seu) para repor o que foi estragado, retirando recursos que poderiam ser usados para coisas mais legais do que a reposição de material.

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