Qual o significado das frases “A
rua é pública?” “A escola é pública?”
É muito comum que o que é público
seja entendido como terra de ninguém, se a escola é pública eu posso quebrar
seus vidros e carteiras porque “não dá em nada”, ninguém vai se importar. A
frase “não dá em nada” ecoa pelos corredores de muitas escolas e dificulta
extremamente as relações humanas que acontecem dentro desse espaço público. Mas
voltando ao que é público, muitas vezes ou quase sempre, também é entendido
como ruim, de baixa qualidade.
Nós que moramos na periferia da
cidade dependemos muito de serviços públicos, escolas, postos de saúde,
hospitais, mas isso não quer dizer que esses serviços sejam ruins. Ser público
significa pertencer ao povo, a uma coletividade. É claro que muitas vezes a
qualidade dos atendimentos diminui devido à alta demanda e ao reduzido
investimento governamental.
Portanto a escola, a rua, a praça
são públicas, pertencem ao povo, que usufrui desses bens coletivamente. Muitas
vezes os espaços coletivos são negados a uma parte da população, presenciamos
essa negação com os “rolezinhos”, eventos organizados por jovens da periferia com
o objetivo de se divertirem em espaços públicos. A consequência disso foi uma
grande polêmica na mídia, algumas discussões sobre a ocupação desses espaços
públicos pelos jovens. Questão controversa, porque os Shoppings não se
consideram espaços públicos, mas sim privados e destinados a clientes. Poucas
ações concretas foram realizadas para proporcionar a esses jovens
entretenimentos e atividades culturais próximas às suas residências. Curiosamente,
a cidade organiza eventos culturais em muitos bairros centrais, ruas de lazer,
atividades em bibliotecas, Centros Culturais, sem contar a rede Sesc que está
localizada majoritariamente em bairros mais centrais. Muitas vezes quando as
atividades acontecem na periferia ou são mal divulgadas ou são em locais
inapropriados para um grande número de pessoas.
É necessário aumentar o número de
atrações culturais e de entretenimento nas periferias, fortalecer os coletivos
culturais e populares, melhorar a divulgação, mas também é importante a
participação ativa de cada jovem, cada cidadão em ter a curiosidade de
descobrir o que acontece no Ponto de Cultura mais próximo, na Biblioteca do
Bairro, na ONG localizada no bairro vizinho e no projeto Escola da Família das
escolas estaduais.
Ah! Voltando à frase “isso não dá
em nada” é preciso ter consciência que dá sim, quando eu quebro uma cadeira,
uma carteira, um ventilador, será necessário mais dinheiro público (aquele que
é da coletividade, não só meu, nem seu) para repor o que foi estragado,
retirando recursos que poderiam ser usados para coisas mais legais do que a
reposição de material.
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