quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sustentabilidade - Textos para a 5ª série e para o 1º ano do Ensino Médio


Afinal, o que é sustentabilidade?


Sustentabilidade é a palavra que mais se ouve e se lê por aí — na administração, na economia, na engenharia ou no Direito. Mas, afinal, o que significa sustentabilidade? Como bom mentor, vou tentar explicar de forma simples o conceito que já faz parte da vida moderna. Em primeiro lugar, trata-se de um conceito sistêmico, ou seja, ele correlaciona e integra de forma organizada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. A palavra-chave é continuidade — como essas vertentes podem se manter em equilíbrio ao longo do tempo. 


Quem primeiro usou o termo foi a norueguesa Gro Brundtland, ex-primeira ministra de seu país. Em 1987, como presidente de uma comissão da Organização das Nações Unidas, Gro publicou um livreto chamado Our Common Future, que relacionava meio ambiente com progresso. Nele, escreveu-se pela primeira vez o conceito: "Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades". Note que interessante: a proposta não era só salvar a Terra cuidando da ecologia, mas suprir todas as necessidades de gerações sem esgotar o planeta. "Nem de longe se está pedindo a interrupção do crescimento econômico", frisou Gro. "O que se reconhece é que os problemas de pobreza e subdesenvolvimento só poderão ser resolvidos se tivermos uma nova era de crescimento sustentável, na qual os países do sul global desempenhem um papel significativo e sejam recompensados por isso com os benefícios equivalentes." 



Parece que Gro Brundtland adivinhava a crise recente das economias do norte e já salientava o papel dos países emergentes, como Brasil, China e Índia. Para você, vale lembrar que a sustentabilidade se aplica a qualquer empreendimento humano, de um país a uma família. Toda atividade que envolve e aglutina pessoas tem uma regra clara: para ser sustentável, precisa ser economicamente viável, socialmente justa, culturalmente aceita e ecologicamente correta. O desafio é enorme, envolve várias gerações e, por isso, você precisa estar ligado no tema. 



Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group 


O que é (e o que não é) sustentabilidade


Preocupações legítimas geraram distorção no significado de “sustentabilidade”, que passou a ser associada apenas a questões ambientais. Não é só isso.
Por Oded Grajew*
Embora em voga nos mais variados meios, o conceito de “sustentabilidade” ainda é pouco compreendido tanto por quem fala sobre ele quanto por quem ouve. Nos últimos anos intensificou-se a discussão a respeito do aquecimento global e do esgotamento dos recursos naturais. Preocupações legítimas e inquestionáveis, mas que geraram distorção no significado de sustentabilidade, já que esta passou a ser associada tão somente às questões ambientais.
Não é só isso. A sustentabilidade está diretamente associada aos processos que podem manter-se e melhorar ao longo do tempo. A insustentabilidade comanda processos que se esgotam, não se mantêm e tendem a morrer. E isto depende não apenas das questões ambientais. São igualmente fundamentais os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais.
Entretanto, mais do que definir o conceito, sustentabilidade e insustentabilidade se tornam claras quando traduzidas em situações práticas.
Esgotar recursos naturais não é sustentável. Reciclar e evitar desperdícios são sustentáveis. Corrupção é insustentável. Ética é sustentável. Violência é insustentável. Paz é sustentável.
Desigualdade é insustentável. Justiça social é sustentável. Baixos indicadores educacionais são insustentáveis. Educação de qualidade para todos é sustentável.
Ditadura e autoritarismo são insustentáveis. Democracia é sustentável.
Trabalho escravo e desemprego são insustentáveis. Trabalho decente para todos é sustentável.
Poluição é insustentável. Ar e águas limpos são sustentáveis. Encher as cidades de carros é insustentável. Transporte coletivo e de bicicletas é sustentável.
Solidariedade é sustentável. Individualismo é insustentável.
Cidade comandada pela especulação imobiliária é insustentável. Cidade planejada para que cada habitante tenha moradia digna, trabalho, serviços e equipamentos públicos por perto é sustentável.
Sociedade que maltrata crianças, idosos e deficientes não é sustentável. Sociedade que cuida de todos é sustentável.
Evidências e dados científicos mostram que o atual modelo de desenvolvimento é insustentável, ameaçando inclusive a própria sobrevivência da espécie humana.
Provas não faltam:
- Destruímos quase a metade das grandes florestas do planeta, que são os pulmões do mundo;
- Liberamos imensa quantidade de dióxido de carbono e outros gases causadores de efeito estufa, num ciclo de aquecimento global e instabilidades climáticas;
- Temos solapado a fertilidade do solo e sua capacidade de sustentar a vida: 65% da terra cultivada foram perdidos e 15% estão em processo de desertificação;
- Cerca de 50 mil espécies de plantas e animais desaparecem todos os anos, em sua maior parte em decorrência de atividades humanas;
- Produzimos uma sociedade planetária escandalosa e crescentemente desigual: 1.195 bilionários valem, juntos, US$ 4,4 trilhões, ou seja, quase o dobro da renda anual dos 50% mais pobres. O 1% de mais ricos da humanidade recebe o mesmo que os 57% mais pobres;
- Os gastos militares somam US$ 1,464 trilhões por ano (e crescem a cada ano), o equivalente a 66% da renda anual dos 50% mais pobres.
Este cenário pouco animador mostra a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável. Cabe a nós torná-lo possível e viável.
Oded Grajew é presidente emérito do Instituto Ethos e coordenador-geral da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo.
Artigo publicado originalmente no jornal Folha de S.Paulo, em 7 de maio de 2013.


A história das coisas


Assistam ao vídeo A história das coisas e pensem sobre sustentabilidade e (muito!!) sobre o consumo. Boas reflexões!



Questões reflexivas para o 1º ano do Ensino Médio

1) Segundo Luiz Carlos Cabrera, o que é sustentabilidade?
2) Segundo Oded Grajew, o que é sustentabilidade?
3) Em quais aspectos da vida humana e da vida do planeta interferem (prejudicam ou beneficiam) atitudes sustentáveis? Justifique sua resposta.
4) Disserte sobre ações de sustentabilidade promovidas por ONGs governos ou empresas, nacionais ou estrangeiras das quais você tenha conhecimento.
5) Quais atitudes sustentáveis um indivíduo pode desenvolver? Justifique.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013


CLASSICISMO - 1º Ano EM
Contexto Histórico Social

O Renascimento foi um amplo movimento econômico, cultural e científico, surgido na Itália, em fins da Idade Média, e que rapidamente se espalhou por toda a Europa, onde se vivia sob o seguinte contexto: necessidade de caminhos marítimos para o Oriente, em busca de especiarias; grande avanço científico, que proporcionou as grandes navegações; a nova concepção do homem e o questionamento de algumas práticas da Igreja Católica. Nesse período, houve um notável florescimento das artes, que substituíram o primitivismo medieval pela noção de perspectiva, pela multiplicação das cores e pelo maior equilíbrio com que as formas humanas passaram a ser retratadas. Desse mesmo modo, a literatura clássica também refletiu um espírito novo, mais centrado no ser humano, nos seus problemas e nas suas conquistas. Essa visão antropocêntrica, na verdade, não surgiu pela primeira vez no Renascimento, pois os antigos gregos já tinham construído uma sociedade baseada nela. Daí o nome Renascimento – uma associação ao ressurgimento de alguns valores que haviam caracterizado a cultura greco-romana clássica.
À luz dessas ideias, iniciou-se, no século XVI, o movimento literário chamado Classicismo.
Em Portugal, o Classicismo teve como marco inicial o ano de 1527, com o retorno de Sá de Miranda da Itália, e como marco final, 1580, ano em que Portugal passou para o domínio espanhol. Sá de Miranda traz até seu país um novo ideal de poesia: a medida nova – os sonetos de versos decassílabos, já cultivados por Dante Alighieri e Petrarca na Itália.

Características do Classicismo

1 – Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade, como Homero, Virgílio, Ovídio, etc., valorizando, além do soneto, as epopeias.
Observe a semelhança entre os primeiros versos de Os Lusíadas (Camões, século XVI) e os da Eneida (Virgílio, antiguidade Clássica).
Os Lusíadas
Eneida
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Cantando espalharei por toda a parte.
Canto as armas e o varão
Que foi o primeiro a vir
Das praias de Tróia.

2 – Uso da mitologia – Os deuses e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também nos clássicos renascentistas.
Por exemplo, em Os Lusíadas, Vênus (a deusa do amor) e Marte (o deus da guerra) protegem os portugueses nas suas conquistas marítimas, ao passo que Baco (o deus do vinho) tenta atrapalhá-los.
3 – Predomínio da razão sobre os sentimentos – A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismo e de figuras, porque procura filtrar, através da razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, desta forma, expressar verdades universais.
4 – Predomínio de uma linguagem sóbria, simples, sem excessos de figuras literárias.
5 – Idealismo – Busca da perfeição estética, da pureza das formas e dos ideais de beleza.
Os clássicos abordam como tema o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopeias são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos.
Por exemplo, Vasco da Gama, em Os Lusíadas, é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro, admirado pelos próprios deuses.
6 – Amor platônico – Os poetas clássicos revivem a ideia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
Amor é brando, é doce, é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido.  (Camões)

7 – Busca da universalidade e impessoalidade – A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas, e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Epopeias são poemas longos sobre feitos grandiosos e heroicos, como foram as grandes descobertas marítimas dos portugueses. São epopeias famosas da antiguidade clássica: Ilíada e Odisseia, de Homero; Eneida, de Virgílio; e na Idade Moderna temos Os Lusíadas, de Camões.

Principais Autores do Período Clássico

Os Principais autores desse período, em Portugal, são: Sá de Miranda, Luís Vaz de Camões, João de Barros, Bernardim Ribeiro, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes, Damião de Góis, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cardim.
João de Barros destacou-se na historiografia, com a obra Décadas, em que narra a história das conquistas, navegações e comércio dos portugueses. Fernão Mendes Pinto se sobressai na literatura de viagem, com Peregrinação e Bernardim Ribeiro com a novela Menina e Moça.
De Antônio Ferreira, temos a peça Tragédiade Dona Inês de Castro, que apresenta como personagens principais: D. Pedro (príncipe), filho de D. Afonso IV (rei de Portugal); Dona Inês de Castro, amante de D. Pedro; D. Afonso IV, que, na ausência do filho, manda executar Dina Inês, por ser amante do filho e por motivos políticos. A tragédia culmina com a morte de Inês e com os atos de loucura de D. Pedro.

(Fonte: Curso Completo de Português. São Paulo: Ibep.)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013


Ajuntório de sentidos e afetos. Vozes na rua, gritos de paz...



Evento realizado em 06/09/13 no Galpão de Cultura e Cidadania do Núcleo de Comunicação Comunitária de São Miguel com a presença dos estudantes do Programa Jovem Comunica e Marina Silva.

Nessa data os alunos discutiram, perguntaram, participaram intensamento de discussões acerca das mobilizações populares que vem ocorrendo no país desde junho. Esse momento foi precedido de oficinas em que os alunos foram estimulados as pensar sobre as questões de importância nacional, mas também de importância local, foram convidados a refletir sobre a realidade do bairro, da escola, dos aspectos econômicos e ambientais de sua comunidade.
O Projeto Jovem Comunica é uma parceria do Núcleo de Comunicação Comunitária de São Miguel, da Fundação Tide Setubal e das escolas participantes, no caso nós, professores e estudantes da E.E. Reverendo Urbano de Oliveira Pinto. 





Fotos de Eduardo Souza
2012 foi ano de Olimpíada de Língua Portuguesa!

No ano de 2012 as turmas com as quais trabalhei participaram de oficinas de produção de textos para concorrerem nas Olimpíadas de Língua Portuguesa, não ganhamos nenhum premio externo, porém nos divertimos e também refletimos muito sobre o lugar em que vivemos para escrever e reescrever os texto que vocês terão a oportunidade de ler.
Ano passado esses textos foram publicados no jornal A Voz do Lapenna e no blog na escola - www.urbano.jex.com.br. 
2014 será, novamente, ano de Olimpíada, enquanto isso vamos conferir os melhores textos de cada turma de 2012.

Diego Gomes – 8ª série D
O lugar em que vivo!!
O lugar em que vivo não é muito bonito, mas também não é um lugar ruim de viver, não é um lugar de “classe” como muitos, como Morumbi ou Ipanema.
É um lugar humilde, como todo lugar tem violência. Não é porque é um lugar humilde que só tem violência, pois no Morumbi ou em Ipanema também tem violência, infelizmente!
A diferença entre Ipanema e a invasão é o respeito. Talvez algumas pessoas achem que invasão não necessita, não precisa de respeito e no Morumbi já é o contrário.
Mas aqui na invasão também têm pessoas dignas, de respeito, pois não depende de dinheiro e sim de dignidade! Sai muito gente “patrão” daqui, pois inteligência vem de graça.


Eduardo de Oliveira Souza – 8ª E
Ano novo na quebrada
São dez horas da noite e todos já começaram a sair para a rua para começar a comemoração do ano novo.
Eu e uma galera, geralmente, depois da meia noite, sempre damos um rolê por quase toda a cidade A.E. Carvalho. Nós começamos a comemorar às dez e só paramos depois das quatro da manhã.
Às vezes a rua fica um pouco vazia, porque os moleques já saíram, mas a verdadeira hora que a rua esvazia é a meia noite. Todos entram para cumprimentar seus parentes e familiares. Mas quando é meia noite e cinco tudo volta ao normal.
Na real o que eu queria é que essa felicidade e essa comunhão durasse todo o ano. Acho que é por causa das lutas que temos no dia a dia e acabamos nos preocupando tanto com as contas, brigas e problemas que esquecemos de aproveitar a vida e os amigos.
Devemos viver um minuto de cada vez, pois o dia de amanhã pertence a Deus.


Raissa da Costa – 6ª E
A minha paz
Cheiro de chuva, doce aroma da criancice.
Lembro de quando era menor, lá pelos meus cinco ou seis anos, me divertia muito mais.
Gostava de brincar de pega-pega, esconde-esconde, duro ou mole e outros, adorava brincar com meus três primos: Jordana, Renan e Ariane.
Amava ir para a casa da minha tia Aurene e do meu tio Maro.
Amávamos os dias de chuva, o cheiro, o gosto e lembro até hoje, pulávamos, dançávamos na chuva, mamãe e minha tia faziam, enquanto isso, o almoço.
Dia desses, senti o cheiro desta mesma chuva que já não dá as caras há algum tempo aqui em São Paulo. Já meus primos foram morar em Recife, eles têm uma enorme chácara, que tem cachoeira e tudo. Amo ir lá, lembro-me dos velhos tempos, apesar de agora já ter doze anos e já não ser tão divertida e inocente, agora já sei o que é o certo e o errado.
Mesmo assim, quando sinto aquele cheiro de que vai cair aquela chuva boa é que  me lembro de como é bom ser jovem, lembro como faz bem aquele lugar, que mesmo não podendo estar lá toda hora sei como é gostoso estar lá, a paz que me dá.


Kauane Tadin 6ª F
Minha infância
Estou aqui em minha poltrona com os olhos cheios de lágrimas que já secaram. Recordando da minha infância, dos momentos de criança, quando pulava, brincava com os meus amigos.
Juntamente com outras crianças olho com esperança meu futuro ainda muito distante...
Ser médica, veterinária ou professora. Sem deixar de ser arteira para conquistar nas brincadeiras.
Agora abro os olhos e vejo crianças no meu bairro correndo pra lá e pra cá.
Hoje tenho 12 anos e sou adolescente, mas queria poder voltar no tempo e ser criança novamente para enxergar o mundo de uma forma diferente.


Gabriela Dantas Santos – 6ª G
Memórias de Gabriela
Eu era uma pequena criança, bochechuda, extrovertida, engraçada, fazia travessuras, mas não como qualquer outra criança.
Meu primeiro dia no colégio foi um dos melhores da minha vida, vendo todas as outras crianças chorando e eu dando uma risadinha disfarçada.
Depois me apeguei aos colegas, à professora, amava tudo isso, depois o tempo foi passando, sai da escola, pois as únicas duas séries que tinham no colégio eu fiz. Fui para uma outra escola nova, amigos novos, professores novos, pois eu estava na 1ª série e tinha duas professoras.
No ano letivo em que eu cursava a 4ª série 5º ano fui para outra escola, pois a mesma ia até a 4ª série.
Na quinta fui para outra escola, e neste ano vim para o Reverendo Urbano.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

HUMANISMO



Contexto Histórico Social


Chamou-se humanismo o movimento cultural iniciado na Itália e que se espalhou pela Europa, no período que corresponde à transição da Idade Média à Idade Moderna.
Em Portugal, a Revolução de Avis (1383-1385), com a aclamação de D.João, o Mestre de Avis, aliado aos burgueses, proporcionou a expansão ultramarina. A partir da Tomada de Ceuta em 1415, os navegantes portugueses chegaram à África, à Ásia e à América. Essa nova realidade mercantil provocou uma crise no sistema feudal e no pensamento religioso, que levou o teocentrismo a ceder seu lugar ao antropocentrismo, isto é, o ser humano no centro da vida humana. Essa nova visão refletiu-se nas grandes obras do período, que tinham como centro de interesse o próprio ser humano.
Entre os fatores que contribuíram para tal mudança podemos apontar:
a) A ampliação do mundo conhecido através das grandes navegações;
b) A ascensão da burguesia voltada para o comércio e para a vida material;
c) A invenção dos tipos móveis na imprensa por Gutenberg, que facilitou a divulgação das obras clássicas, até então copiadas a mão, pelos monges nos mosteiros.
As manifestações literárias mais significativas do período humanista em Portugal foram:
• Na historiografia – as obras de Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara e Rui de Pina.
• Na poesia – as obras de João Ruiz de Castelo Branco.
• No teatro – as obras de Gil Vicente.

Fernão Lopes pode ser considerado o criador da historiografia em Portugal. Em 1418, foi nomeado arquivista oficial da Torre do Tombo, onde são guardados os documentos históricos do país. Em 1434, foi promovido a cronista-mor, passando a escrever a história dos reis de Portugal. Embora tivesse de centralizar sua crônica nos reis, teve o mérito de investigar as relações sociais que movimentavam o país, além de captar o sentimento coletivo do povo português. Devido ao posto que ocupava na Torre do Tombo, pôde fundamentar suas ideias com documentos escritos, o que constitui uma das bases da historiografia moderna. Suas principais obras são: Crônica de D. Pedro, Crônica de D. Fernando e Crônica de D. João I.

Gil Vicente                




Quando se fala em Gil Vicente, é preciso, antes entender o que são autos. Auto é o nome genérico dos textos poéticos da Idade Média, usados nas representações teatrais, carregados de religiosidade. No teatro vicentino vamos encontrar uma grande produção de autos, dos quais muitos deles, além de religiosidade, apresentam temas profanos e satíricos.
Gil Vicente é considerado o criador do teatro popular em Portugal. Sua primeira apresentação, em 1502, foi o Auto do vaqueiro ou o Auto da visitação, dedicada ao filho recém-nascido do rei D. Manuel, no quarto de D. Maria, esposa do rei. A peça fez tanto sucesso que o levou a elaborar outras, igualmente cheias de êxito. O teatro de Gil Vivente baseia-se principalmente na sátira (as farsas), que ele utilizava para criticar e denunciar os erros, a corrupção e a falsidade de todas as camadas sociais: da nobreza, do povo e do clero – apesar de ser uma pessoa profundamente religiosa.
Gil Vicente era autor e ator e suas representações, cheias de improvisos já previstos. Sua obra é rica, densa e variada. Sua produção contém 44 obras e sua galeria de tipos humanos é imensa: o padre corrupto, o cardeal ganancioso, o sapateiro que explora o povo, a beata, o médico incompetente, os aristocratas decadentes etc. Seus personagens não têm nome – são sempre designados pela profissão, assim registrando os tipos sociais que faziam parte da sociedade da época.
Apesar de subvencionado pelo rei, Gil Vicente nunca se deixou intimidar, expressando o que realmente pensava e tecendo suas críticas com independência de espírito. O teatro era sua arma de combate e de denúncia contra a imoralidade. Sua linguagem, bastante simples, espontânea e fluente. Assim como os cenários e as montagens.
Suas principais obras são: Auto da visitação, Trilogia das barcas (Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório, Auto da barca da glória), Auto da alma, Farsa de Inês Pereira, Juiz da beira, Auto da feira, Quem tem farelos?, Auto da Lusitânia, Auto da índia e Floresta de enganos (sua última peça).

Auto da barca do inferno: o julgamento da sociedade portuguesa


Das muitas peças de Gil Vicente, merece destaque o Auto da barca do inferno, em que a crítica social, marcada pela sátira, é impiedosa.
Nesse auto, vemos os mortos chegando para embarcar rumo ao inferno ou ao paraíso. Esperam por eles, na margem do rio, um anjo, que conduz a barca do paraíso, e um diabo, que conduz a barca do inferno.
Todos acham que merecem o paraíso, discutindo com o Diabo e o Anjo. O Fidalgo, aristocrata arrogante e explorador, e o Onzeineiro (11% de juros no empréstimo, taxa exorbitante para a época), agiota, vão na barca do inferno; assim como o sapateiro desonesto, o Frade corrupto, a Alcoviteira cafetina, o Judeu (refletindo o preconceito da época), o Corregedor e o Procurador corruptos da justiça, o Enforcado de corda no pescoço. Quem vai na barca do céu? O Parvo, o bobo sem malícia, e os quatro cavaleiros cruzados, mortos em batalha, que encerram desse modo o auto.

Leia, a seguir, um trecho do episódio do Fidalgo.
Diabo     Em que esperas ter guarida? (proteção)
Fidalgo   Que deixo na outra vida
                Quem reze sempre por mim.
Diabo     Quem reze sempre por ti?...
                Hi –hi-hi-hi-hi-hi-hi!...
                E tu viveste a teu prazer,
                Cuidando cá guarecer (salvar-te)
                Porque rezam lá por ti?
                Embarca! – ou embarcai,
                Que haveis de ir à derradeira. (afinal)
                Mandai meter a cadeira,
                Que assim passou vosso pai.
Fidalgo   Quê? Quê? Quê? Assim lhe vai?
[...]
(Fonte: Curso Completo de Português. São Paulo: Ibep.)

Tudo o que é sólido pode derreter


Esse programa da TV Cultura retrata a rotina de uma escola pública e seus alunos do ensino médio. Cada episódio tem como pano de fundo uma obra clássica da literatura de língua portuguesa.
Confiram o primeiro episódio da séria que se baseia no Auto da barca do inferno.

Sinopse: É o primeiro dia de aula e Thereza está em território inédito na escola, começando o 1º colegial e sentindo-se em uma nova fase. Há alunos recém-chegados e uma sensação de amadurecimento. Em aula, surge uma atividade baseada na obra Auto da Barca do Inferno, o que faz Thereza prestar atenção nas pessoas a sua volta e imaginar que destino elas teriam se fossem personagens do livro. Em casa, esquece o aniversário de sua mãe. Na escola, conhece Marcos e inicia uma amizade com ele.