sexta-feira, 18 de outubro de 2013


CLASSICISMO - 1º Ano EM
Contexto Histórico Social

O Renascimento foi um amplo movimento econômico, cultural e científico, surgido na Itália, em fins da Idade Média, e que rapidamente se espalhou por toda a Europa, onde se vivia sob o seguinte contexto: necessidade de caminhos marítimos para o Oriente, em busca de especiarias; grande avanço científico, que proporcionou as grandes navegações; a nova concepção do homem e o questionamento de algumas práticas da Igreja Católica. Nesse período, houve um notável florescimento das artes, que substituíram o primitivismo medieval pela noção de perspectiva, pela multiplicação das cores e pelo maior equilíbrio com que as formas humanas passaram a ser retratadas. Desse mesmo modo, a literatura clássica também refletiu um espírito novo, mais centrado no ser humano, nos seus problemas e nas suas conquistas. Essa visão antropocêntrica, na verdade, não surgiu pela primeira vez no Renascimento, pois os antigos gregos já tinham construído uma sociedade baseada nela. Daí o nome Renascimento – uma associação ao ressurgimento de alguns valores que haviam caracterizado a cultura greco-romana clássica.
À luz dessas ideias, iniciou-se, no século XVI, o movimento literário chamado Classicismo.
Em Portugal, o Classicismo teve como marco inicial o ano de 1527, com o retorno de Sá de Miranda da Itália, e como marco final, 1580, ano em que Portugal passou para o domínio espanhol. Sá de Miranda traz até seu país um novo ideal de poesia: a medida nova – os sonetos de versos decassílabos, já cultivados por Dante Alighieri e Petrarca na Itália.

Características do Classicismo

1 – Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade, como Homero, Virgílio, Ovídio, etc., valorizando, além do soneto, as epopeias.
Observe a semelhança entre os primeiros versos de Os Lusíadas (Camões, século XVI) e os da Eneida (Virgílio, antiguidade Clássica).
Os Lusíadas
Eneida
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Cantando espalharei por toda a parte.
Canto as armas e o varão
Que foi o primeiro a vir
Das praias de Tróia.

2 – Uso da mitologia – Os deuses e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também nos clássicos renascentistas.
Por exemplo, em Os Lusíadas, Vênus (a deusa do amor) e Marte (o deus da guerra) protegem os portugueses nas suas conquistas marítimas, ao passo que Baco (o deus do vinho) tenta atrapalhá-los.
3 – Predomínio da razão sobre os sentimentos – A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismo e de figuras, porque procura filtrar, através da razão, todos os dados fornecidos pela natureza e, desta forma, expressar verdades universais.
4 – Predomínio de uma linguagem sóbria, simples, sem excessos de figuras literárias.
5 – Idealismo – Busca da perfeição estética, da pureza das formas e dos ideais de beleza.
Os clássicos abordam como tema o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopeias são apresentados como seres superiores, verdadeiros semideuses, sem defeitos.
Por exemplo, Vasco da Gama, em Os Lusíadas, é um ser dotado de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro, admirado pelos próprios deuses.
6 – Amor platônico – Os poetas clássicos revivem a ideia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
Amor é brando, é doce, é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido.  (Camões)

7 – Busca da universalidade e impessoalidade – A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas, e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Epopeias são poemas longos sobre feitos grandiosos e heroicos, como foram as grandes descobertas marítimas dos portugueses. São epopeias famosas da antiguidade clássica: Ilíada e Odisseia, de Homero; Eneida, de Virgílio; e na Idade Moderna temos Os Lusíadas, de Camões.

Principais Autores do Período Clássico

Os Principais autores desse período, em Portugal, são: Sá de Miranda, Luís Vaz de Camões, João de Barros, Bernardim Ribeiro, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes, Damião de Góis, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cardim.
João de Barros destacou-se na historiografia, com a obra Décadas, em que narra a história das conquistas, navegações e comércio dos portugueses. Fernão Mendes Pinto se sobressai na literatura de viagem, com Peregrinação e Bernardim Ribeiro com a novela Menina e Moça.
De Antônio Ferreira, temos a peça Tragédiade Dona Inês de Castro, que apresenta como personagens principais: D. Pedro (príncipe), filho de D. Afonso IV (rei de Portugal); Dona Inês de Castro, amante de D. Pedro; D. Afonso IV, que, na ausência do filho, manda executar Dina Inês, por ser amante do filho e por motivos políticos. A tragédia culmina com a morte de Inês e com os atos de loucura de D. Pedro.

(Fonte: Curso Completo de Português. São Paulo: Ibep.)

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