CLASSICISMO - 1º Ano EM
Contexto Histórico Social
O Renascimento foi um amplo movimento econômico, cultural e
científico, surgido na Itália, em fins da Idade Média, e que rapidamente se
espalhou por toda a Europa, onde se vivia sob o seguinte contexto: necessidade
de caminhos marítimos para o Oriente, em busca de especiarias; grande avanço
científico, que proporcionou as grandes navegações; a nova concepção do homem e
o questionamento de algumas práticas da Igreja Católica. Nesse período, houve
um notável florescimento das artes, que substituíram o primitivismo medieval
pela noção de perspectiva, pela multiplicação das cores e pelo maior equilíbrio
com que as formas humanas passaram a ser retratadas. Desse mesmo modo, a
literatura clássica também refletiu um espírito novo, mais centrado no ser
humano, nos seus problemas e nas suas conquistas. Essa visão antropocêntrica, na verdade, não surgiu
pela primeira vez no Renascimento, pois os antigos gregos já tinham construído
uma sociedade baseada nela. Daí o nome Renascimento – uma associação ao
ressurgimento de alguns valores que haviam caracterizado a cultura greco-romana
clássica.
À luz dessas ideias, iniciou-se,
no século XVI, o movimento literário chamado Classicismo.
Em Portugal, o Classicismo teve
como marco inicial o ano de 1527, com o retorno de Sá de Miranda da
Itália, e como marco final, 1580, ano em que Portugal passou para o domínio
espanhol. Sá de Miranda traz até seu país um novo ideal de poesia: a medida nova
– os sonetos de versos decassílabos, já cultivados por Dante Alighieri e
Petrarca na Itália.
Características do Classicismo
1 – Imitação dos autores
clássicos gregos e romanos da antiguidade, como Homero, Virgílio,
Ovídio, etc., valorizando, além do soneto, as epopeias.
Observe a semelhança entre os
primeiros versos de Os Lusíadas
(Camões, século XVI) e os da Eneida
(Virgílio, antiguidade Clássica).
Os Lusíadas
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Eneida
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As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Cantando espalharei por toda a parte.
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Canto as armas e o varão
Que foi o primeiro a vir
Das praias de Tróia.
|
2 – Uso da mitologia – Os deuses
e as musas, inspiradores dos clássicos gregos e latinos, aparecem também nos
clássicos renascentistas.
Por exemplo, em Os Lusíadas, Vênus (a deusa do amor) e
Marte (o deus da guerra) protegem os portugueses nas suas conquistas marítimas,
ao passo que Baco (o deus do vinho) tenta atrapalhá-los.
3 – Predomínio da razão sobre os
sentimentos – A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de
sentimentalismo e de figuras, porque procura filtrar, através da razão, todos
os dados fornecidos pela natureza e, desta forma, expressar verdades
universais.
4 – Predomínio de uma linguagem
sóbria, simples, sem excessos de figuras literárias.
5 – Idealismo – Busca da
perfeição estética, da pureza das formas e dos ideais de beleza.
Os clássicos abordam como tema o
homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens
centrais das epopeias são apresentados como seres superiores, verdadeiros
semideuses, sem defeitos.
Por exemplo, Vasco da Gama,
em Os Lusíadas, é um ser dotado de
virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro, admirado pelos próprios
deuses.
6 – Amor platônico – Os poetas
clássicos revivem a ideia de Platão de que o amor deve ser sublime,
elevado, espiritual, puro, não-físico.
Amor é
brando, é doce, é piedoso;
Quem o
contrário diz não seja crido. (Camões)
7 – Busca da universalidade e
impessoalidade – A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais,
eternas, e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.
Epopeias são poemas longos sobre
feitos grandiosos e heroicos, como foram as grandes descobertas marítimas dos
portugueses. São epopeias famosas da antiguidade clássica: Ilíada e Odisseia,
de Homero; Eneida, de
Virgílio; e na Idade Moderna temos Os
Lusíadas, de Camões.
Principais Autores do Período Clássico
Os Principais autores desse
período, em Portugal, são: Sá de Miranda, Luís Vaz de Camões, João de Barros, Bernardim
Ribeiro, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes, Damião de Góis, Fernão Mendes
Pinto, Fernão Cardim.
João de Barros destacou-se na historiografia, com a obra Décadas, em que narra a história das
conquistas, navegações e comércio dos portugueses. Fernão Mendes Pinto se sobressai na literatura de viagem, com Peregrinação e Bernardim Ribeiro com a novela Menina
e Moça.
De Antônio Ferreira, temos a peça Tragédiade Dona Inês de Castro, que apresenta como personagens principais: D.
Pedro (príncipe), filho de D. Afonso IV (rei de Portugal); Dona Inês de Castro,
amante de D. Pedro; D. Afonso IV, que, na ausência do filho, manda executar
Dina Inês, por ser amante do filho e por motivos políticos. A tragédia culmina
com a morte de Inês e com os atos de loucura de D. Pedro.
(Fonte: Curso Completo de Português. São Paulo: Ibep.)
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