segunda-feira, 23 de junho de 2025

Peter Pan e Wendy

Leia SP - Peter Pan e Wendy


Estátua do Peter Pan localizada no jardim de Kensington - Londres

Desde 2024 a Secretaria da Educação de SP disponibilizou aos estudantes a plataforma Leia SP para a leitura de livros de literatura. No primeiro bimestre de 2025 os estudantes dos 8º anos leram Peter Pan e Wendy. Com o objetivo de incentivar os estudantes a lerem o livro a Sala de Leitura da escola PEI Pedro Viriato Parigot de Souza fez uma pesquisa para trazer mais informações sobre a obra, além disso, aconteceu um bate papo com as turmas ao final da leitura.

O personagem Peter Pan surgiu em alguns capítulos do livro “The little White bird” de 1902, de autoria de J.M. Barrie (1860 - 1937). A história do personagem foi contata primeiro na peça “O menino que não queria crescer” apresentada em Londres em 1904, porém o livro Peter Pan e Wendy só foi publicado em 1911.

J.M. Barrie teve sucesso com suas peças e livros, foi amigo de grandes escritores como Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, e H.G. Wells, autor de A máquina do tempo. Barrie foi casado, mas não teve filhos. Ele e a esposa ficaram amigos da família Davies, o casal tinha 5 filhos. As crianças Davies foram a inspiração para os personagens John, Michael e os meninos perdidos. O personagem Peter Pan, não há muita certeza sobre isso, pode ter sido inspirado no irmão mais velho do autor, que morreu num acidente no gelo aos 13 anos, pode vir daí a impossibilidade de crescer do menino, mas também é possível que a inspiração tenha vindo do caçula da família Davies cujo nome era Peter. J.M. Barrie era tão amigo da família Davies que após a morte dos pais (o pai em 1909 e a mãe em 1911) ele passou a ser o tutor das crianças.

Em 1930 Barrie doou os direitos autorais do livro ao Hospital Infantil Great Ormond Street que fica em Londres. Em 1987, 50 anos após a morte do autor os diretos expiraram, porém o Parlamento Inglês, a pedido do Hospital, transformou esses direitos autorais em perpétuos no Reino Unido.

O sobrenome do personagem Peter Pan de refere ao deus Pan (ou Pã) da mitologia grega, o deus que representa a natureza selvagem, os pastores e os rebanhos. É conhecido também por gostar muito de música e por tocar flauta. Algumas semelhanças com o nosso heroi, não é mesmo? Ainda existem outras referências à mitologia gregas, como as sereias, por exemplo.

O narrador do livro é onisciente, ele conhece tudo, inclusive os pensamentos de cada personagem, em vários momentos ele se dirige diretamente ao leitor, as vezes antecipa algumas situações, faz suposições sobre como uma situação poderia se desenvolver se acontecesse de uma forma ou de outra.

A memória é muito importante para o desenvolvimento da história, Peter não retem as coisas na memória por muito tempo, talvez por isso ele não envelhessa? Quem sabe? Além disso, para Peter não havia diferença entre a realidade e o faz de conta, comer de verdade ou de mentirinha não fazia diferença, ele se sentia satisfeito de ambas as formas, diferente dos outros personagens. A passagem de tempo é outro elemento importante para a história, ele passa de modo diferente na Terra do Nunca e em Londres.

A família da Wendy, a família Darling, é composta pelos seguintes personagens: Sr. (George) e Sra. Darling que são os pais de Wendy, John e Michael. A babá das crianças era uma cachorra chamada Naná, olha aí um elemento da fantasia já presente em Londres antes da chegada de Peter! A família era pobre, para os padrões ingleses da época, não tinha como pagar uma babá igual aos vizinhos, mas tinham uma empregada, a Liza.

A Sra. Darling contava histórias aos filhos, Peter e Sininho (Tinker Bell) as ouviam do lado de fora da janela, esse foi o motivo do grande interesse de Peter por esta família. Wendy, após sua ida para a Terra do Nunca, passou a ser a contadora de histórias para os irmãos e os meninos perdidos.

O modo como as fadas nascem é um capítulo à parte em matéria de fofura, pois elas nascem do primeiro sorriso dos bebês que se fragmenta um milhares de novas fadinhas. Bater palmas fortalece as fadas. Elas são muito pequenas, por isso sentem um sentimento de cada vez e de forma intensa. Elas vivem pouco, por volta de um ano, mas elas sentem como se fosse um tempo longo.

Peter Pan tem um inimigo importante, o Capitão Gancho, mas também tem amigos na ilha, os peles vermelhas, além de seus companheiros de aventuras, os meninos perdidos.

Aproveite para se aventurar com Wendy e seus irmãos na Terra do Nunca na companhia de Perter Pan e dos meninos perdidos, assim como muitas crianças e jovens vem fazendo há mais de 100 anos!

Esse clássico da literatura infanto juvenil já recebeu várias adapções para as telas, procure conhecer e se divirta!

Peter Pan, filme de 1953.

Hook A volta do Capitão Gancho de 1991

domingo, 13 de abril de 2025

Os Meninos da Rua Paulo

Os Meninos da Rua Paulo




Estátuas inspiradas nos personagens do livro - Budapeste Hungria

Desde 2024 a Secretaria da Educação de SP disponibilizou aos estudantes a plataforma Leia SP para a leitura de livros de literatura. No primeiro bimestre de 2025 os estudantes dos 9º anos A e B leram Os Meninos da Rua Paulo. Com o objetivo de incentivar os estudantes a lerem o livro a Sala de Leitura da escola PEI Pedro Viriato Parigot de Souza fez uma pesquisa para trazer mais informações sobre a obra, além disso aconteceu um bate papo com as turmas ao final da leitura.

A história contada por Ferenc Molnár (Hungria 1978, falecido em Nova York 1952) se passa em 1889 (essa data aparece na página 97 da edição de 2008 da Editora Cosac Naif), mas há uma referência à guerra russo-japonesa de 1904, conforme a nota da página 76. Assim, podemos concluir que o período em que se passa a história está um tanto nebuloso.


O livro foi publicado em 1907 e só chegou ao Brasil em 1952, traduzido por Paulo Rónei, que, assim como Ferenc, era um judeu hungaro. Paulo conseguiu fugir de seu país em 1940 com ajuda do consulado brasileiro. Ele era estudioso de línguas e literaturas latinas, constituiu família no Brasil, país em que permaneceu até sua morte em 1992. Aurélio Buarque de Holanda (primo de 2º grau de Chico Buarque de Holanda), um dos mais importantes lexicógrafos brasileiros, foi o revisor do livro. Ambos também foram responsáveis por organizar a importante antologia de contos do mundo Mar de Histórias lançada na década de 1940.


Ferenc Molnár emigrou para os EUA em 1939 para escapar da perseguição dos nazistas aos judeus húngaros, faleceu em 1952 em Nova York sem ter retornado à Europa.


Curiosidade: Renato Russo declarou numa entrevista, concedida ao músico Leone, que o narrador da música Andrea Dória, letra que representa um diálogo, poderia ter sido dita pelo personagem Nemecsek do livro Os Meninos da Rua Paulo, a letra da música carrega os anseios da juventude em querer mudar o mundo e se dá conta do quão difícil isso é. “Ele é um jovem que acredita na virtude, em fazer as coisas corretamente de acordo com as regras e fica batendo contra a parede porque esse mundo não funciona” declarou Renato Russo. Confira a música no vídeo ao vivo da banda Legião Urbana.



Os meninos da Rua Paulo se organizavam na Sociedade do Betume, que tinha estatuto (conjunto de leis), presidente, realizava assembleias registradas em atas, todas as formalidades conhecidas por eles. Mais uma curiosidade: Betume é a mesma coisa que massa de vidraceiro e o modo como os meninos a mantinham úmida é no mínimo estranho! A Sociedade era bastante burocrática, por esse motivo houve um grande estranhamento com a necessidade de urgência nas decisões em razão da guerra. O fato de um membro deposto pela sociedade ter uma patente militar de destaque causou grande comoção entre os membros da sociedade.  


Guerra? Que guerra? A guerra pelo grund, pelo espaço para jogar pela (uma espécie de jogo de tênis ou taco) com os garotos de outro grupo, os camisas vermelhas.

Os meninos faziam brincadeiras militares, se davam patentes, construiram fortes, fizeram um plano de guerra, como é possível confirmar na página 135.


O narrador é em 3ª pessoa, porém ele se coloca na história, como fica evidente nas páginas 37 e 187, dizem que Ferenc foi um dos meninos da Rua Paulo, não temos como confirmar essa informação, mas isso seria bem bacana, pois seria um relato memoríalistico de um membro de uma sociedadem de uma infância que não existem mais.


Valores como honra, amizade, coragem, organização são muito valorizados pelos meninos, além de norteiaarem as suas ações. Isso é tão importante que a hora do combate e as regras são combinadas previamente entre os oponentes. Como fica evidente no trecho abaixo:


- Não queremos supreender o adversário. Viremos amanhã às duas e meia em ponto. Era o que tínhamos para dizer, e pedimos resposta.

Boka sentia a importância do momento, e replicou com a voz algo trêmula:

- A declaração de guerra está aceita. Mas temos de combinar uma coisa: não quero que a batalha degenere em briga vulgar. (p. 170)


A questão da traição é muito marcante, os meninos prezam pela honra e pela correção nas atitudes. A honra também é muito importante para o pai de um dos meninos, o traidor (alerta de spoiler!) Géreb. O pequeno Nemecsek não conta a traição ao pai do menino, ele achava que seria uma dor imensa saber que o filho agiu sem honra. O mesmo Nemecsek fica extremamente triste com a atitude dos membros da Sociedade do Betume em escrever seu nome com todas as letras minúsculas, isso era considerado desonroso.


A amizade entre os meninos é o tema central da história, a organização e a preocupação com a honra são muito evidentes, mas no fim eles queriam brincar e estar juntos. Um acontecimento abala os meninos, principalmente o líder deles João Boka, não vamos dar spoiler agora, pois se trata de uma passagem comovente, mas podemos afirmar que a dificuldade poderia ter sido resolvida com um simples antibiótico. Simples para nós no séculos XXI, mas impossível na época dessa história.


Por esse motivo, vamos trazer mais uma curiosidade: Os antibióticos foram descobertos em 1928 (penicilina por Alexander Fleming/Inglaterra). As pesquisas em humanos se intensificaram em 1939 em decorrência da 2ª Guerra Mundial (1939 a 1945). Em 1940 pesquisadores de Oxford conseguiram produzir penicilina para fins terapêuticos.


A literatura nos permite conhecer lugares, tempos e costumes diferentes. Dessa vez viajamos para a Hungria do final do século XIX e conseguimos conhecer um pouco desse lugar tão distante de nós. Permitam-se!


Boa leitura!


Outras Informações:

Resenha de Tatiana Feltrin: https://www.youtube.com/watch?v=hg4T_K4DmSE

Resenha de Gabriela Pedrão: https://www.youtube.com/watch?v=XNxE3lgoF8o

Resenha de Humberto Conzo: https://www.youtube.com/watch?v=eqv96Doc9C8



terça-feira, 8 de abril de 2025

A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros

Capa do livro e cartaz do filme.

Desde 2024 a Secretaria da Educação de SP disponibilizou aos estudantes a plataforma Leia SP para a leitura de livros de literatura. No primeiro bimestre de 2025 os estudantes dos 7º anos leram A Menina que Roubava Livros. Com o objetivo de incentivar os estudantes a lerem o livro a Sala de Leitura da escola PEI Pedro Viriato Parigot de Souza fez uma pesquisa para trazer mais informações sobre a obra, além disso aconteceu um bate papo com as turmas ao final da leitura. 

O livro A Menina que Rouvaba Livros foi publicado em 2005 e chegou ao Brasil em 2007. O filme baseado no livro é uma produção dos EUA e Alemanha de 2013. O livro foi traduzido para mais de 40 línguas, vendeu mais de 16 milhões de cópias no mundo, sendo 2 milhões, aproximadamente, no Brasil.

O autor do livro é Markus Zusak (1975 Syney), ele é australiano, filho de mãe alemã e pai austríaco. Em um TED Talks de 2014 ele contou que A Menina que roubava livros foi o quinto livro que escreveu, depois de quatro fracassos. Ele achava que este quinto livro seria mais um fracasso, dessa forma, resolveu escrever o que realmente queria, do jeito que realmente queria, a história de uma menina ladra de livros na Alemanha Nazista tendo como narradora a Morte. Ele tentou por 200 páginas, não gostou do resultado, reescreveu tendo a menina Liesel Meminger como a narradora, novamente ele não gostou do resultado, resolveu então voltar a ideia original, mas dessa vez ele não retratou a morte como má ou sádica e sim como vulnerável, gentil, cansada, assombrada com as atitudes humanas. Assim, sendo fiel à sua ideia original e com um leve pensamento negativo, de que ninguém iria ler mesmo seu livro, sentimento esse que o permitiu ser livre para escrever como quisesse, ele conseguiu concluir o livro que virou um sucesso em muitos países, além de conquistar as telas dos cinemas.

Vídeo do autor Markus Zusac contando como foi escrever o livro, você pode ativar as legandas 
automáticas com tradução o Português.

A história de Liesel começa na Alemanha no ano de 1939, em meio a Segunda Guerra Mundial. No início ela tem 9 anos, é levada para a cidade fictícia de Molching, na Rua Himmel para ser adotada pela família de Hans e Rosa Hubermann. Lá ela vai à escola, mas apresenta muita dificuldade, pois ela ainda não aprendeu a ler. Ela vai aprender a ler com a importante ajuda e o carinho do pai adotivo. Faz amizade com o seu vizinho Rudy Steiner, seu parceiro de futebol e muitas aventuras, e com a mulher do prefeito, Ilsa Hermann, a dona de uma magnífica biblioteca. Outra importante amizade de Liesel é Max, um jovem judeu que Hans Hubermann, seu pai adotivo, escondeu dos nazistas em seu porão.

Ao longo da história alguns livros são roubados, o primeiro foi o Manual do Coveiro no funeral do irmão de Liesel, o livro havia sido esquecido na neve. O segundo livro roubado foi Dar de ombros, que estava em uma fogueira de livros, feita para comemorar o aniversário do Führer (líder) Hitler. A cada livro roubado um aprendizado de vida, de leitura, uma busca por conhecimento acontecia, mas isso é uma interpretação, após a sua leitura você vai poder tirar suas próprias conclusões.

O contexto histórico do livro é a Segunda Guerra Mundial e o autor vai nos contando dramas de pessoas comuns que tentam levar as suas vidas com preocupações cotidianas, como, trabalhar, pagar as contas, comprar comida, conviver com familiares e vizinhos. Todas essas são questões cotidianas, mas que são alteradas a cada dia conforme acontece a escalada da guerra e da violência que espreita a cada casa, a cada pessoa naquele momento, mesmo as pessoas que viviam na Alemanha e que não eram membros ativos do partido nazista.

Todo esse contexto histórico complicado junto a dramas familiares, nos são narrados através dos olhos da Morte, mas como já nos contou o autor, uma Morte generosa e assombrada com a humanidade.

Aventure-se com a pequena Liesel! Boa leitura!

Ah, essa história também virou filme! Veja o trailer abaixo. 



 Fontes:

The failurist: Markus Zusak at TEDxSydney 2014
https://www.youtube.com/watch?v=A-_8QIdm4hA
 
Você Escolheu #21: A menina que roubava livros (Markus Zusak) Tatiana Feltrin
https://www.youtube.com/watch?v=Z89CmKUOckQ
 
[Resenha] A Menina Que Roubava Livros [LIVRO (sem spoilers) + filme] Mel Ferraz canal Literature-se
https://www.youtube.com/watch?v=0wfyL6s0mEA
 
A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, MARKUS ZUSAK (#53) Isabella Lubrano canal Ler Antes de Morrer
https://www.youtube.com/watch?v=3QgKqOTdYao

Um guia para entender o holocausto BBC
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd189gdr7l5o