terça-feira, 19 de março de 2024

Leia SP - O Diário de Anne Frank

Leia SP - O Diário de Anne Frank



Em 2024 a Secretaria da Educação de SP disponibilizou aos estudantes uma plataforma para a leitura de livros de literatura. No primeiro bimestre os estudantes dos 9º anos estão lendo "O Diário de Anne Frank". Com o objetivo de incentivar os estudantes a lerem o livro a Sala de Leitura da escola PEI Pedro Viriato Parigot de Souza fez uma pesquisa para trazer mais informações sobre a obra, além de ter acontecido um bate papo com as turmas.

O Diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947 com o título "O anexo", esta foi a escolha da própria Anne para seus escritos. Anne escreveu seu diário em holandês de 12/06/1942 a 01/08/1944. Ela começou a escrever no dia em que ganhou o diário de presente de aniversário de 13 anos, em 12 de junho. Menos de um mês depois, no dia 06/07, Anne e sua família vão para o esconderijo no anexo. A família Frank teve companhia no anexo, mas eles chegaram um pouco depois, a família Van Pels em 13/07 e Fritz Pfeffer em 16/11. Os oito ocupantes do anexo foram levados para a prisão em 04/08/1944.

Anne Frank - Sua verdadeira história e o seu diário no anexo secreto. 
Canal História e Biografia do YouTube.

A príncipio Anne escrevia para si, para tentar entender e refletir sobre os acontecimentos externos, internos, sua convivência com os outros ocupantes do anexo, além de lidar com seus questionamentos íntimos, algo tão comum aos jovens. Seu primeiro registro no diário foi em 01/06/1942 "Espero poder contar tudo a você, como nunca pude contar a ninguém, e espero que você seja uma grande fonte de conforto e ajuda" (p.19). Anne escrevia sobre tudo o que vivia, sobre as pessoas com quem conviveu antes e durante o tempo do esconderijo no anexo.

Em 1944 um membro do governo Holandês falou por uma transmissão de rádio que esperava receber testemunhos, relatos, cartas e diários de holandeses contando sobre os sofrimentos pelos quais passaram durante a ocupação alemã. A partir desse momento Anne passou a rever seus escritos, acrescentando informações e reflexões que julgava pertinentes, além de suprimir passagens que não queria expor, pois a partir da notícia do rádio ela passou a ter a intenção de tornar público seus escritos, ela alterou os nomes das pessoas que estavam no anexo, das pessoas que trabalhavam no prédio e eram colaboradores, ela alterou até os nomes de seus familiares. A versão do livro que lemos atualmente traz os nomes reais da família Frank e de seus colaboradores, Johannes Kleiman, Victor Kugler, Elisabeth (Bep) Voskuijl e Miep Gies. Os nomes dos demais moradores do anexo permanecem com as alterações feitas por Anne.

Após a prisão dos moradores do anexo, duas colaboradoras, Miep Gies e Bep Voskuijl, encontraram as folhas com os escritos de Anne e as guardaram. Em 1945 Miep Gies as entregou, sem ler, ao pai de Anne, Otto Frank, o único sobrevivente do anexo.

Miep Gies (1909 - 2010) foi secretaria e contadora austríaca que ajudou a família de Anne Frank e mais quatro judeus a se esconder dos nazistas no Anexo Secreto, que ficava acima do escritório em que trabalhava em Amsterdã, durante a Segunda Guerra Mundial.
Nesse trecho do documentário "Dear Kitty: Remembering Anne Frank" (1998), Miep descreve como foi o momento em que a Gestapo invadiu o escritório e encontrou os oito judeus escondidos na manhã de 4 de agosto de 1944. Canal do YouTube Anne Frank Brasil. 

Não temos como saber exatamente como se sentiam as pessoas confinadas no anexo, mas podemos tentar, comparando com a nossa experiência recente na pandemia de Covid 19.
Leia abaixo alguns trecho das reflexões de Anne Frank:

"Nas últimas semanas, temos almoçado no sábado às onze e meia; de manhã temos de nos contentar com uma xícara de mingau quente. A partir de amanhã, será assim todo dia; isso faz com que economizemos uma refeição. Ainda é muito difícil conseguir verduras. Esta tarde tivemos alface podre cozida. Alface comum, espinafre e alface cozida, é só o que há. Acrescente a isso batatas podres e você terá uma refeição digna de um rei!" p.340

"Não consigo me imaginar vivendo como mamãe, a Sra. van Daan e todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas. Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos aos quais me dedicar! Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ou trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e para 
expressar tudo o que existe dentro de mim!
Quando escrevo, consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas - e esta é uma grande questão - será que conseguirei escrever alguma coisa importante, será que me tornarei jornalista ou escritora?" p. 306

Anne Frank e os demais ocupantes do anexo se mantiveram informados por meio de um rádio. Estudavam muito, inclusive línguas estrangeiras, como o pouco material que seus amigos/colaboradores conseguiam levar até eles. No momento histórico em que vivemos, na era da pós-verdade, se faz necessário, imprescindível até, nos mantermos bem informados, estudar, refletir criticamente sobre os fatos para não nos deixarmos iludir por revisionismos históricos que tentam apagar acontecimentos da humanidade ou ressignificá-los com objetivos de manipulação da opinião pública. Otto Frank disse "Para construir um futuro, é preciso conhecer o passado." Você também pode ouvi-lo, é só assistir ao vídeo abaixo.


Otto Frank, pai de Anne Frank, fala sobre o diário de sua filha em uma entrevista para o programa "The Legacy of Anne Frank", que foi parte da série "The Eternal Light" feita pelo Jewish Theological Seminary of America (Seminário Teológico Judeu da América) e pela NBC, que foi ao ar em 24 de dezembro de 1967. Sentado em um dos cômodos do Anexo Secreto, ele fala sobre como os escritos de Anne o surpreenderam. Otto foi o único membro da família, e do Anexo Secreto, a sobreviver ao Holocausto.
O museu de Anne Frank (The Anne Frank House) possui uma cópia original desse vídeo. Canal Anne Frank Brasil.

O Diário de Anne Frank foi traduzido para mais de 70 línguas, vendeu mais de 35 milhões de cópias, sendo que mais de 400 mil dessas no Brasil.

Separamos dois trechos de filmes que se referem ao Diário de Anne Frank, confira:

Trecho do filme "A culpa é das estrelas" - Os personagens principais do filme visitam o museu Anne Frank em Amsterdã, local real do anexo no qual a família Frank e mais quatro pessoas ficaram escondidas.

Trecho do filme "Escritores da liberdade"


Em uma guerra sempre há fome, sofrimento e morte, sempre!  
Temos esperança na humanidade, somos capazes de aprender com o passado e construir um futuro bom para todas as pessoas. Sigamos tentando!

Boa leitura!!



Referências:

O Diário de Anne Frank - Edição definitiva por Otto H. Frank e Mirjam Pressler. Tradução de Alves Calado. Rio de Janeiro: Editora Record, 2021.

Isabela Lubrano, canal Ler Antes de Morrer, O Diário de Anne Frank (resenha)

Tatiana Feltrin, canal TLC, O Diário de Anne Frank (resenha)

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